A tripla aptidão trabalho, carne e leite dos bovinos da raça Arouquesa que ao longo do tempo ajudaram os criadores nas tarefas laborais, nos amanhos da sua terra, bem como a produção de leite para queijarias e sua própria alimentação, está hoje pouco evidente sendo a sua principal aptidão a produção de carne, Carne Arouquesa DOP.
Leite
A aptidão leiteira sempre foi enfatizada por diversos autores, principalmente pelo elevado teor butiroso, médio de 5,4%, onde apenas 18 litros de leite produzia 1 kg de manteiga.
A sua produção leiteira ronda os 600 litros a 1200 litros de leite por lactação. Hoje em dia, os animais não são explorados na vertente leiteira, toda esta produção é destinada aos vitelos, garantindo animais de excelência.
Trabalho
Os bovinos Arouqueses sempre foram utilizados para o trabalho, auxiliando os seus criadores no cultivo das terras, transporte das forragens, entre outras operações relacionadas com agricultura de subsistência que predomina nesta zona.
Os bovinos Arouqueses foram essenciais para a navegabilidade dos barcos ao longo rio Douro. Antes da construção das barragens, estes animais auxiliavam a subida dos barcos Rabelo no transporte do vinho do Porto, principalmente nas zonas de difícil navegação.
Com a evolução da mecanização agrícola, os nossos animais deixaram de ser tão preponderantes na vertente do trabalho, no entanto ainda se ouve o chiar dos carros de vacas nas encostas da montanha e vê-se alguns criadores a arar com o seus animais os terrenos de difícil acesso e áreas reduzidas.
Carne
A produção de carne sempre foi a aptidão de excelência desta raça. Em 1847, os ingleses começaram a importar, desenfreadamente, a Carne Arouquesa para o seu país, considerando-a uma das melhores carnes mundiais. Atualmente, ainda encontramos a menção ao “Portuguese beef” em diversos restaurantes de Inglaterra.
A fama ancestral da carne da raça Arouquesa ficou demonstrada na Grande Exposição de Paris de 1878, sendo o único produto português galardoado, como refere o Dr. Zeferino Brandão, em 1991:
“Quanto à produção de carne, os autores veterinários dos séc. XIX e XX, escreveram que nas exposições do Porto surgiam rezes dos grandes Arouqueses, bastante gordos, pesando em vida 800 a 1000 kg, a carne era famosa no mercado britânico e foi premiada com o primeiro prémio na exposição de Paris de 1878.”
Reprodução
As nossas reprodutoras iniciam a sua atividade reprodutiva por volta dos 14 a 15 meses, ocorrendo o primeiro parto por volta dos dois anos. As reprodutoras Arouquesas têm uma parição anual, mantendo a sua atividade reprodutiva, média, até por volta dos 17 anos.
Os nossos novilhos apresentam líbido por volta dos 9 a 10 meses de idade, no entanto apenas aos 12 meses é que são avaliados para futuros reprodutores. Os touros são mantidos em reprodução até aos 5 a 6 anos de idade. No caso da raça Arouquesa, a cobrição natural ainda é preponderante, sendo que a inseminação artificial é utilizada em apenas 30% do efetivo, principalmente nas regiões periféricas à área de dispersão.